Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) elegeu a liberdade de informação como tema para este Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, que se celebra hoje. Liberdade de informação, explica a diretora-geral Irina Bokova, é o princípio pelo qual as organizações e os governos têm o dever de compartilhar as informações que possuem com qualquer pessoa que as solicite ou de dar fácil acesso a elas, em cumprimento ao direito do público de estar informado.
A liberdade de imprensa – que não é uma prerrogativa dos jornalistas nem das empresas de comunicação, mas um direito da sociedade – garante aos cidadãos, nas democracias consolidadas, a possibilidade de acesso a informações independentes e verdadeiras. Por isso, tem sido sistematicamente reprimida em todo o mundo por governos autoritários e por setores que temem a transparência. Mesmo nos regimes democráticos, sofre ataques frequentes, sob disfarces variados, que vão das pressões econômicas sobre os veículos de comunicação à criação de leis restritivas, que induzem à autocensura ou chancelam decisões judiciais danosas à livre expressão.
Nos países governados por ditadores e por governantes populistas, ainda são rotineiros os atentados aos jornalistas e aos meios de comunicação, tanto por meio de assassinatos, prisões e agressões quanto por ameaças e pela impunidade dos agressores. Reportagem desta edição, por exemplo, destaca os profissionais de imprensa exilados em decorrência de ameaças às suas vidas nos países de origem. Nem sempre as ameaças e agressões provêm dos governos de plantão: muitas vezes, decorrem de grupos criminosos, especialmente do narcotráfico e da guerrilha.
Já nas nações livres, estas limitações são impostas por setores organizados, especialmente por facções políticas que se encastelam e tentam se perpetuar no poder. Com tais propósitos, procuram ocultar dos cidadãos suas mazelas e seus interesses subalternos. Elegem, então, a imprensa e os profissionais de comunicação como inimigos, negando-lhes o papel de guardiães da sociedade.
Mas o jornalismo existe exatamente para oferecer aos cidadãos as informações de que eles necessitam para gerir seus próprios destinos, para poderem escolher livremente seus governantes e representantes políticos, para se municiarem de instrumentos que lhes permitam fiscalizar o poder público e exigir serviços compatíveis com suas necessidades. Uma imprensa livre também garante aos cidadãos informações desvinculadas de interesses políticos e econômicos, equilibrada e independente, comprometida unicamente com a verdade. Esse Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, portanto, também celebra o artigo 19 da Declaração Universal dos Direitos do Homem: “Todo homem tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferências, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e ideias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras.”
O jornalismo existe exatamente para oferecer aos cidadãos as informações de que eles necessitam para gerir seus próprios destinos.
Fonte: Zero Hora Online
Data: 03/05/2010